Tinta à base de terra ou tinta ecológica é aquela que não usa produtos químicos, apenas produtos naturais, e o corante é a própria terra. Esse artigo é do Gustavo Bonfiglioli do O Estado de S. Paulo: Antes de comprar produtos industrializados para pintar tecidos, telas ou até mesmo paredes, dê uma olhada no quintal de casa. Ele pode ser a fonte de uma matéria prima abundante e orgânica para fabricar tinta: terra.
Tinta sem cheiro, sem química e ecólogica
A artista plástica Sílvia Simões de Carvalho, de 40 anos, trabalha com tintas à base de terra há 15 anos. Sílvia costumava usar tinta acrílica até perceber o potencial da terra como pigmento para produzir sua matéria prima, num processo simples, que a artista define como “limpo, natural e barato”. Dependendo da terra colhida, a cor resultante fica com tonalidades de marrom, vermelho ou amarelo.
1 – Morros
Qualquer tipo de terra pode ser usado para fazer tinta – até a do seu jardim. Tudo depende da cor e do efeito que se busca. A artista plástica Sílvia Carvalho prefere fazer a coleta do material em morros desbarrancados. “É a terra mais limpa, livre de grãos e calcário.”
2 – Peneira
Use a mão, uma peneira ou pilão para depurar torrões de terra. O processo varia conforme o efeito desejado. Para produzir tinta homogênea, com textura igual à comercial, a terra deve ser triturada e peneirada por mais tempo, eliminando pedras e raízes. Se preferir que ela tenha texturas, é só deixar a terra mais bruta.
3 – Aglutinante
O pigmento obtido da trituração da terra deve ser misturado a um aglutinante. Até mesmo cola branca escolar pode ser usada, mas a artista recomenda a goma arábica, resina com base 100% vegetal. Como alternativa, pode-se usar verniz acrílico. Escolhido o aglutinante, acrescenta-se uma quantidade pequena ao pigmento, em geral a metade do volume de terra, e mistura-se com espátula. Mas cuidado: o excesso de aglutinante pode fazer a tinta “craquelar” (ficar cheia de rachaduras) depois de aplicada.
4 – Água na tinta
À pasta resultante da mistura, acrescente água aos poucos, sempre misturando para evitar que a tinta fique craquelada. O ideal é usar conta-gotas. A quantidade depende do efeito que se quer obter. “Quanto mais água, mais a tinta fica com aspecto de aquarela”, diz a artista.
5 – Paredes
Sílvia indica tecido, madeira e papel paraná como as superfícies ideais para pintura com tinta à base de terra. Mas o produto também pode ser usado, por exemplo, nas paredes da casa (até mesmo externas). Nesse caso, o aglutinante mais recomendado é o verniz acrílico. A pintura dura oito anos, em média. É possível pintar vidro, embora sejam necessárias várias demãos. O plástico, porém, não é recomendado. “Além de não ser ecológico, a tinta não adere.”
Fonte: Gustavo Bonfiglioli O Estado de S. Paulo.
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